sexta-feira, 30 de abril de 2010

Violência na Escola : seu filho sofre?

MEDO DA VIOLÊNCIA é um sentimento comum a todos os pais e mães.O que muitos não imaginam é que o problema não se restringe às ruas.Também está presente dentro dos limites de um ambiente tradicionalmente considerado seguro : a escola. Apelidos maldosos, piadas humilhantes e até agressões físicas no ambiente escolar ainda são vistos por muita gente como brincadeiras inofensivas. Mas o problema é sério. O bullying, como é conhecido, pode causar graves danos não só ao aprendizado como também à formação psicológica das crianças, abrindo feridas que podem levar longos anos para cicatrizar. Combater essa ameaça exige a participação de todos : pais, professores e alunos. O primeiro passo é identificar o problema. faça o teste e veja se seu filho é uma vítima.


ALERTA : aproximadamente 1 milhão de crianças sofrem violência escolar a cada dia no mundo todo.
 

1.Qual é o comportamento da criança em relação aos estudos e compromissos escolares?
a)Frequentemente cria motivos para não ir às aulas ou falta sem avisar aos pais.
b)Às vezes inventa razões para evitar ter de ir à escola.
c)Pode até resistir à ideia de ir às aulas, mas não tem poblemas de frequência.
2.Como a criança se relaciona com os pais e parentes próximos?  
a)Nunca fala sobre si mesma e se torna agressiva com facilidade.
b)Com frequência faz birra.
c)De forma normal;eventualmente pode ser mal-educada.
3.Como você avalia a autoestima do seu filho?
a)Muito baixa: dificilmente acredita no próprio potencial.
b)baixa: não raro, age de forma pessimista.
c)Normal: tem medos, mas vai em frente.
4.Qual desses comportamentos mais se aplica à criança?
a)Chora com facilidade e já apareceu em casa com machucados sem explicação.
b)Parece triste e entediada.
c)Alterna instantes de bom e mau humor.
5.Como seu filho se comporta quando é perguntado sobre sua vida escolar?
a)Fica irritado, grita e se isola.
b)Troca de assunto instantaneamente.
c)Ás vezes demonstra algum desconforto.
6.Qual é a relação com os colegas dentro e fora do colégio?
a)Tem dificuldades em se relacionar e prefere ficar só.
b)Interage apenas com quem procura.
c)Tem sua "panelinha" de amigos.
7.Qual é a postura da criança em relação ao futuro?
a)Não tem nenhuma motivação em seguir estudando e construir uma carreira.
b)Não traça planos muito ousados.
c)Fala com naturalidade sobre o tema. 
Qual foi a resposta que mais apareceu no seu teste? Confira o resultado abaixo.
Mais A :É provável que seu filho seja vítima de bullying.Cheque na escola se é verdade e fale com os educadores para encontrar soluções. Se possível, busque assistência de médicos e terapeutas. Abra espaço para a criança desabafar.
Mais B :Vale ficar atento a um possível estágio inicial de bullying.Quanto antes o quadro for indentificado, maiores são as chances de o problema ser contornado. Promova o diálogo e incentive o jovem a praticar esportes e a participar de programas que estimulem o convívio social.
Mais C :Pode ser uma implicância normal entre colegas. Mesmo assim, é válido conversar e mostrar à criança que só em um ambiente de convivência saudável é possível desenvolver adequadamente todas as nossas habilidades.
  
Revista Sorria edição 8 jun/jul 2009 pag.48
           

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Brinquedo ou batata frita? Lei na California proíbe brindes em lanches altamente calóricos

Uma lei proposta por políticos da Califórnia está banindo os brinquedos que acompanham os lanches direcionados às crianças, como o McLanche Feliz. Pelo menos nos altamente calóricos – segundo as orientaçoes, a refeiçao precisa ter menos de 485 calorias para vir com um brinde. Já que os bonecos e afins acabam incentivando uma alimentaçao nao saudável, a escolha agora fica entre a batata frita ou o brinquedo. Quem optar por refeiçoes que incluem frutas, frango e outros alimentos com menos calorias pode levar o brinde pra casa. A nova lei, por enquanto, é válida apenas para 1 regiao do estado norte-americano. Notícia do AdAge.

A polêmica da palmada

A Europa debate uma lei para proibir os pais de bater nos filhos; franceses e ingleses resistem em banir o tapa no bumbum

O Conselho da Europa lançou uma campanha para acabar com as palmadas, esquentando um debate que divide a opinião pública europeia sobre como disciplinar crianças sem afetar seu desenvolvimento psicológico e físico.

A mais proeminente entidade de monitoramento dos direitos humanos do continente quer que os países proíbam na lei qualquer tipo de castigo corporal, inclusive as palmadas no bumbum. Até agora já obteve garantias de 20 governos e promessas de outros oito de que assinarão o compromisso.

Para os defensores da medida, qualquer tipo de punição que envolva violência física degrada a dignidade da criança e viola seu direito à integridade -garantidos na Convenção dos Direitos Humanos da ONU.

"Punições corporais mandam a mensagem errada de que você pode usar violência para obter o que quer", disse à Folha por telefone Elda Moreno, do Conselho. "E fica mais difícil impedir outros tipos de violência. Onde estará o limite?"

Moreno é assessora especial para o tema da vice-secretária-geral do Conselho da Europa, Maud de Boer Buquicchio, que lançou oficialmente a campanha na última terça-feira em um debate em Estrasburgo.
No evento, foi apresentada uma petição com assinaturas dos jogadores do Real Madrid, do ex-presidente soviético Mikhail Gorbatchov, da rainha Sílvia da Suécia e da atriz italiana Claudia Cardinale.

Apesar do apoio pomposo, no entanto, a proibição ainda encontra resistência da população. Segundo Moreno, mãe de duas crianças, este é o maior freio à adesão dos governos que ainda hesitam, como o britânico e o francês.

Ela lembra ainda que na Suécia, país pioneiro em proibir por lei as palmadas, em 1980, foi necessária toda uma geração para mudar a mentalidade. "Uma pessoa confrontada com essa questão primeiro tem de questionar a forma como foi criada e depois examinar seu próprio comportamento como pai ou mãe", afirma. "Do ponto de vista psicológico, é muito difícil lidar com essas questões."

A imprensa europeia agora desperta para o tema. "A campanha está ganhando impulso", diz Moreno. No fim de semana, jornais franceses antes irônicos destacaram a questão. No Reino Unido, a cobrança em cima do governo cresce. Até recentemente, os britânicos permitiam castigo físico na escola.

Um estudo assinado pela pesquisadora de saúde comunitária Catherine Taylor, da Universidade Tulane (EUA), mostra que crianças que levam palmadas frequentes por volta dos três anos se tornam mais agressivas aos cinco. Para a pesquisa, que será publicada na revista "Pediatrics", foram ouvidas 2.500 mães e listados fatores de risco na maternidade.

Quase metade delas (46%) afirmou que não havia batido em seus filhos nenhuma vez no mês anterior, e 28% o haviam feito uma ou duas vezes. Outras 27% bateram mais e eram as que reuniam mais fatores de risco, segundo o estudo.

Em outra fase, as crianças que apanham mais manifestaram mais sinais de agressividade, como crueldade, bullying, brigar e fazer ameaças.

Para Miriam Debieux Rosa, professora de psicologia da USP, a força física não é um bom método de educação, mas há ocasiões em que a situação escapa ao controle. "Pais que nunca se descontrolam são perfeitos, o que não existe", diz.

Ela afirma que educar pela palmada é autoritário e pode gerar pessoas medrosas e submissas ou que reproduzam esse padrão de se impor pela força. "Mas transformar em lei um excesso eventual é exagero e pode criminalizar formações culturais diferentes."


Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 29/4/2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Carta da Terra: um tratado de esperança

Neste dia 22 de abril, consagrado internacionalmente como o Dia da Terra, a Carta da Terra faz um convite à humanidade para refletir sobre o futuro de nossa existência. A Carta, que completa uma década, é um tratado de esperança dos povos voltado a mudar a forma de pensar e de agir dos homens.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, marcou o pacto da humanidade com o futuro, para nunca mais se repetirem os horrores e as atrocidades das duas guerras mundiais. A Carta da Terra significa um novo pacto: para que haja futuro e por uma sociedade sustentável, justa e pacífica.
Fruto da ciência contemporânea, da sabedoria, de tradições filosóficas e religiosas, dos tratados e declarações internacionais e dos melhores exemplos práticos sobre como  criar comunidades mais sustentáveis, a Carta passou por um processo de construção coletiva e dinâmica dos homens, que firmaram uma declaração de intenções pela vida no planeta e uma espécie de manual prático de sobrevivência.

Ela é coletiva porque foi redigida no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas) com a contribuição de diferentes povos e nações. É dinâmica porque, assim como os seres do planeta, a Carta tem vida: foi gestada na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento de 1992 (a Rio-92) ; passou por várias redações na década de 1990; foi apresentada oficialmente em 2000 e hoje já foi traduzida para 40 línguas, subscrita por 4.600 organizações e vive uma etapa de expansão descentralizada em áreas como negócios, educação, mídia, religião, Nações Unidas e juventude.
Quatro princípios básicos são estipulados no documento para uma convivência pacífica e harmônica entre os homens e dos homens com a natureza:
1. Respeito e cuidado com a comunidade da vida;
2. Integridade ecológica;
3. Justiça social e econômica;
4. Democracia, não-violência e paz.
O espírito central da Carta concebe o planeta como uma grande família, na qual plantas, animais e seres humanos formam um todo complexo e interdependente. Zelar pelo equilíbrio e a perpetuação desse complexo deve ser a preocupação dos homens em suas relações sociais, econômicas e com o ambiente. Porque esse sistema vivo está ameaçado em sua permanência e continuidade pelo atual estilo de vida, que determina hoje os modos de produção e consumo da humanidade.
As mudanças tecnológicas vêm contribuindo para reverter esse processo, mas não são suficientes. É preciso que o consumo seja consciente, isto é, que cada ser humano tenha consciência de seus impactos e que busque a sustentabilidade da vida humana no planeta. Hoje, em média, cada ser humano já consome mais do que o dobro do que se consumia per capita há 50 anos. Isso é fruto do excesso e da má distribuição da riqueza, porque um terço da população mundial vive abaixo da linha da pobreza e mais de um bilhão de pessoas (cinco Brasis) não têm sequer acesso a água potável.
Como diz um trecho da Carta: “A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida.”
Foi na Conferência Rio-92 que governantes e ambientalistas de todo o mundo propuseram a urgência do desenvolvimento sustentável, a partir do conceito de sustentabilidade apresentado cinco anos antes no chamado Relatório Brundtland. Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, em 1987, o relatório definiu o desenvolvimento sustentável como um conjunto de processos e atitudes que atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam as suas próprias necessidades.
Todo ser humano tem uma enorme capacidade de criação e de realização. E a Carta da Terra define os princípios para que, ao longo de sua vida, cada um aproveite suas próprias oportunidades de se desenvolver e contribua para que as  pessoas ao seu redor se expressem e se realizem.

Linha do tempo da Carta da Terra1987 - A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (conhecida como "Comissão Bundtland") recomenda a criação de uma declaração universal sobre proteção ambiental e desenvolvimento sustentável na forma de uma “nova carta” que estabelecerá os principais fundamentos do desenvolvimento sustentável.

1992 - A Cúpula da Terra no Rio de Janeiro indica como meta, entre outras, criar uma Carta da Terra aceita internacionalmente. Entretanto os Governos não chegam a um acordo e adotam a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em lugar da Carta. Sob a liderança de Maurice Strong, (Secretário-Geral da Cúpula do Rio), é criado o Conselho da Terra para promover a implantação dos acordos gerados na Cúpula da Terra e para defender a formação de conselhos nacionais de desenvolvimento sustentável.

1994 - Maurice Strong (presidente do Conselho da Terra) e Mikhail Gorbachev (presidente da Cruz Verde Internacional) lançam a iniciativa da sociedade civil para redigir uma Carta da Terra.  O Governo da Holanda fornece o suporte financeiro inicial.
1995 - O Conselho da Terra e a Cruz Verde Internacional iniciam consultas internacionais para desenvolver a Carta da Terra dos povos. Especialistas internacionais e representantes governamentais reúnem-se no workshop da Carta da Terra em Haia, na Holanda.
1996 - O Conselho da Terra inicia um processo de consulta da Carta da Terra em preparação para o Fórum Rio+5. É feita uma pesquisa dos princípios das leis internacionais relevantes para a Carta da Terra e seu resumo é divulgado. No final do ano, o Conselho da Terra e a Cruz Verde Internacional formam uma Comissão independente da Carta da Terra para supervisionar o processo de redação, e criam um comitê específico.
1997 - A Comissão da Carta da Terra convoca sua primeira reunião durante o Fórum Rio+5 no Rio de Janeiro. Ao final do Fórum, um texto de referência é liberado, como um “documento em processo”. A continuidade das consultas internacionais é encorajada e organizada.
1998 - Vários grupos se juntam à Iniciativa da Carta da Terra e formam Comitês nacionais da Carta da Terra em 35 países. Estes grupos, assim como vários outros, empreendem consultas sobre o texto referência e passam a usá-lo como uma ferramenta educacional.
1999 - Um segundo texto de referência é liberado em abril e continua a consulta internacional. O número de Comitês nacionais cresce para 45.
2000 - Em março, a Comissão da Carta da Terra se reúne em Paris, França, para acordo sobre a versão final do documento. O lançamento público oficial da Carta da Terra acontece em junho, no Palácio da Paz em Haia.  É formado um Comitê Diretivo da Carta da Terra para supervisionar a próxima fase da iniciativa. As principais metas são promover a disseminação, subscrição e implementação da Carta da Terra pela sociedade civil, empresas e governos e suportar o uso educacional da Carta da Terra em escolas, universidades e outras estruturas de ensino.
2001 - A Iniciativa da  Carta da Terra esforça-se para assegurar o endosso da Carta da Terra pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo (África do Sul). Durante a Cúpula, vários lideres de governos e ONGs declaram apoio à Carta da Terra , mas o reconhecimento formal pelas Nações Unidas não se viabiliza.
2005 - A esta altura a Carta da Terra já foi traduzida em 32 línguas, amplamente disseminada pelo mundo, e subscrita por mais de 2.400 organizações, incluindo Unesco, União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (Iclei). Ocorre uma revisão estratégica das atividades internas e externas da Iniciativa da Carta da Terra, no período
2000 a 2005. Em novembro, Amsterdã (Holanda) sedia o grande encontro Carta da Terra +5. Neste evento, a revisão estratégica dos cinco anos é concluída, as realizações são celebradas e são feitos planos para a próxima fase da Iniciativa.
2006 - É constituído um novo Conselho Internacional da Carta da Terra, com 23 membros para substituir o Comitê Diretivo e supervisionar os programas centrais e a Secretaria. O Conselho juntamente com a Secretaria são reorganizados como Carta da Terra Internacional.
2008 - A Carta da Terra já foi traduzida para 40 línguas e subscrita por 4.600 organizações. O Conselho da Carta da Terra Internacional adota um novo plano estratégico de longo prazo que enfatiza a expansão descentralizada da Iniciativa. São criados seis novos grupos de trabalho pra promover a expansão descentralizada em áreas como negócios, educação, mídia, religião, Nações Unidas e Juventude.
Fonte www.cartadaterrabrasil.org

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Atividades colaborativas melhoram o aprendizado indivudual e coletivo

Atividades colaborativas na escola levam à melhoria da aprendizagem individual e dos grupos em geral

Como o aluno aprende mais? Fazendo atividades sozinho ou interagindo com os colegas? Há algum tempo sabe-se que o desenvolvimento cognitivo pode ser mais efetivo quando a criança e o adulto estão inseridos em um contexto coletivo de aprendizagem. Por isso, cabe à escola buscar ações para ampliar os horizontes do aluno e daqueles que fazem parte de seu universo. Sendo assim, as chamadas aprendizagens cooperativas surgem como grandes incentivadoras da autorregulação e do autoconhecimento. Descobri-las e elaborá-las deve ser a meta de todo os educadores.

No início do século 20, o psicólogo russo Lev Vygotsky (1896-1934) criou o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), definindo-o como "a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela resolução independente de problemas, e o nível superior de desenvolvimento potencial, determinado pela resolução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com pares mais capazes". Com base nesse princípio, ele escreveu que aquilo que um aluno é capaz de realizar em colaboração com um colega é mais revelador de seu desenvolvimento pessoal do que seu desempenho avaliado isoladamente - um convite para se focar no potencial e não apenas no rendimento em trabalhos individuais.

Autores contemporâneos, seguidores de Vygotsky, indicam que a ZDP pode ser compreendida também como uma aprendizagem para grupos e isso tem contribuído para a descoberta e o planejamento de contextos coletivos de aprendizagem em que há o engajamento ativo de uma coletividade na descoberta de novos meios para resolver problemas. Na escola, é possível trabalhar a ZDP de vários coletivos: das turmas, das famílias e dos professores, sempre que há uma atividade envolvendo a negociação entre parceiros com diferentes competências. Experiências de aprendizagens colaborativas entre alunos com habilidades diversas, entre eles e seus familiares e professores e mesmo entre docentes promovem o desenvolvimento de toda a comunidade escolar.

A investigação de como coletivos de pessoas aprendem traz contribuições significativas à gestão escolar. A orientação educacional pode atuar nesse campo se perguntando: qual o sentido do conhecimento para a comunidade escolar? Como o conhecimento circula e é transmitido no interior dos grupos? Os papéis executados pelos alunos em contextos de aprendizagem coletivos se modificam ou são estáticos? Que características dos coletivos (virtuais e físicos) se desenvolvem de forma mais eficiente e autônoma? Descobrir o uso que os alunos fazem da internet para se comunicar, por exemplo, pode ajudar a escola a formular ações educativas no espaço virtual, tão familiar aos jovens.

A busca por essas respostas contribui para o desenvolvimento do aluno. Assim como Vygotsky, entendemos por desenvolvimento a liberdade, a criação, a ampliação de horizontes e a capacidade de refletir e transformar. Em tempos marcados por metas individuais de desempenho, uma concepção coletiva da ZDP se torna ainda mais atraente para aqueles que acreditam nos contextos coletivos de aprendizagem.
É assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Crianças gordas já têm risco maior de doenças cardíacas


Pesquisa constatou sinais precoces de inflamação associada a aterosclerose
Resultados do estudo, feito com grupo entre 1 e 17 anos, preocupam especialistas e reforçam importância do controle de peso na infância

Crianças obesas ou com sobrepeso já apresentam sinais de inflamação que estão associados a um maior risco de doença cardíaca em adultos.
A conclusão é de um estudo que avaliou 16.335 crianças entre um e 17 anos. As que estavam obesas apresentavam níveis altos da proteína C-reativa (PCR), marcador que se eleva em processos inflamatórios e infecciosos. Os resultados foram publicados na "Pediatrics".
Nos adultos, níveis elevados dessa proteína indicam um maior risco de desenvolvimento de aterosclerose (formação de placas de gordura que leva ao entupimento das artérias).
Encontrar esse marcador aumentado em crianças, em uma fase tão precoce, é um fator que preocupa os especialistas ouvidos pela Folha. A PCR elevada aumenta o risco de um infarto precoce, por exemplo.
No estudo, 42% das crianças entre três e cinco anos que eram obesas tinham níveis elevados de PCR, em comparação com 17% daquelas que tinham o peso normal. Essas diferenças eram ainda maiores entre as crianças mais velhas: 83% das muito obesas (dos 15 aos 17 anos) apresentaram níveis elevados do marcador.
"A PCR é um dos marcadores de presença de inflamação crônica mais validados. Ela pode aparecer em outras inflamações momentâneas [como uma inflamação dos dentes], mas é um marcador razoável", afirma a cardiologista pediátrica Isabela de Carlos Giuliano, professora-adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina.

Outros trabalhos
Em trabalho semelhante feito em Florianópolis, com 1.009 crianças entre sete e 18 anos, a professora Giuliano descobriu que 25% delas estavam acima do peso e apresentavam níveis alterados da proteína.
Segundo ela, o ideal é manter os níveis de PRC abaixo de 1 mg/l. Índices acima de 1 mg/l apontam risco moderado e acima de 3 mg/l indicam risco alto de problemas cardiovasculares.

Outro estudo brasileiro, feito pela Universidade Federal da Bahia, mediu a dosagem de PCR em 500 adolescentes entre 11 e 17 anos -em torno de 30% dos que estavam obesos tinham a PCR elevada. O trabalho, feito pela cardiologista pediátrica Isabel Cristina Britto Guimarães, é mais um que reforça a importância do controle de peso ainda na infância.

"Não vamos sair medindo PCR indiscriminadamente como maneira de prevenção, mas a PCR é mais um marcador importante", diz Guimarães.

O Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo usa a PCR como marcador para acompanhar o tratamento de reeducação alimentar de crianças gordas.

A parte boa nisso tudo é que é possível diminuir os níveis de PCR se a inflamação for descoberta cedo. Para isso, basta aliar a prática de atividades físicas com uma dieta balanceada.

"Nessa faixa etária, o problema ainda é reversível. Mas é preciso participação efetiva dos pais, porque uma criança não perde peso se os pais forem gordos", diz Ary Lopes Cardoso, nutrólogo e chefe da Unidade de Nutrologia do instituto.


Folha de S. Paulo,
Saúde, 22/4/2010

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