quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Estudo: super-heróis de hoje têm influência negativa em meninos


Um estudo apresentado em uma conferência de psicologia nos Estados Unidos afirma que os super-heróis de filmes da atualidade influenciam negativamente os meninos. Segundo a pesquisa, apresentada em um encontro da Associação Americana de Psicologia, esses super-heróis promovem um estereótipo violento e de "machão".
Eles seriam diferentes dos de antigamente, pois não apresentariam um lado mais vulnerável e humano. O estudo afirma que a única figura masculina alternativa de super-herói da atualidade é a do "preguiçoso", que evita assumir responsabilidades.
Super-homem e Homem de Ferro
A pesquisadora Sharon Lamb, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, fez um estudo com 674 meninos de quatro a 18 anos de idade para descobrir o que eles veem na TV e no cinema.

Com sua equipe, ela analisou o impacto que os principais modelos de comportamento masculinos têm nos garotos. "Há uma grande diferença entre os super-heróis de hoje e os heróis de gibis do passado", afirma Lamb.
A pesquisadora diz que, nos personagens do passado, os meninos podiam perceber que - sem roupa de super-herói - eles eram "pessoas normais com problemas normais e muitas fraquezas". Seria o caso do Super-Homem e o Lanterna Verde, que têm identidades secretas, com carreiras e que, segundo a pesquisadora, foram criados como reação ao fascismo e para lutar por justiça social.
"O super-herói de hoje é como um herói de ação que pratica violência sem parar. Ele é agressivo, sarcástico e raramente fala sobre as virtudes de se fazer o bem para a humanidade", disse Lamb, segundo artigo no jornal britânico The Guardian.
"Esses homens, como é o caso do Homem de Ferro, exploram as mulheres, exibem joias e demonstram sua masculinidade com armas poderosas", afirmou, se referindo a um herói que foi sucesso de bilheteria com um filme neste ano.
Apesar de ter surgido nos quadrinhos em 1963, o Homem de Ferro interpretado por Robert Downey Jr. no cinema corresponderia ao perfil descrito pela cientista.
Preguiçoso
A alternativa a esse super-herói agressivo da atualidade seria o preguiçoso. "Preguiçosos são engraçados, mas preguiçosos não são o que os meninos deveriam querer ser. Eles não gostam da escola e evitam responsabilidades", afirma Lamb.

Um outro estudo, da Universidade do Arizona, também apresentado na conferência, afirma que a capacidade dos meninos de evitarem estereótipos masculinos diminui quando eles entram na adolescência.
Segundo o professor Carlos Santos, que fez a pesquisa com 426 meninos, "ajudar os meninos a resistir a esse tipo de comportamento o mais cedo possível parece ser um passo vital para se melhorar a saúde e qualidade das suas relações sociais".




 




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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Do quintal de casa à cidade vertical

Pertenço à última geração que, nas grandes cidades, morava em casa com quintal, um pedacinho do Jardim do Éden. Seu desaparecimento equivale à expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Sem quintal a infância já não é a mesma.



O quintal era o espaço ecológico da casa. Criança, nele eu identificava um misto de minifloresta e parque de diversões. Subia em goiabeira e mangueira, brincava no chão de terra, promovia com os amigos corridas de minhocas e caramujos, colhia verduras da horta, andava descalço, bancava o Tarzan, tomava banho de torneira, construía rios, diques e represas nas poças deixadas pela chuva.



Agora, o mundo encolheu. A especulação imobiliária suprime quintais, as famílias vivem encaixotadas em apartamentos decorados com flores artificiais. Poucas crianças veem ovo de galinha abrir-se para deixar sair o pinto, cadela dar à luz, tartaruga arrastar-se pesada entre os arbustos do canteiro, restos de alimentos serem aproveitados como adubo.



O quintal era o espaço de brincadeiras. Ali nossa fantasia infantil desdobrava-se em cabanas no alto das árvores, gangorra dependurada no galho, minipiscina improvisada na velha caixa d’água. Dali empinávamos pipas e ali brincávamos de amarelinha, bolinha de gude, bentialtas (embrião do futsal, com dois jogadores de cada lado na disputa por um bola de meia).



Nós mesmos construíamos os brinquedos. De consumo, apenas ferramentas, pregos, papel, tesoura e cola. O resto provinha de nossa criativa imaginação e capacidade de improviso.



Brincar não é próprio apenas da criança, é próprio da espécie animal. Golfinhos, baleias, macacos, cães e gatos adoram brincar. Adultos brincam ao escolher vestuário, decorar a casa, dançar e participar de jogos. A dimensão lúdica da vida é imprescindível à nossa saúde física, psíquica e espiritual.



Violenta-se uma criança ao impedi-la de brincar. Refém da TV ou da internet, ela transfere seu potencial de fantasia para os desenhos que assiste. Como se a TV e a internet tivessem a incumbência de sonhar por ela. Reprimida em sua imaginação, tal criança se torna, na adolescência, vulnerável às drogas. Por não usufruir da fantasia na idade adequada, passa a buscar o universo onírico através de substâncias químicas.



Todo viciado em drogas sofreu uma infância sonegada -pela parafernália eletrônica, violência ou carência- e teme se tornar adulto, inseguro frente ao imperativo de adequar sua existência à realidade.



Hoje, brinquedos eletrônicos, videogames e o uso abusivo da internet privam crianças de uma infância saudável. Isoladas, não aprendem as regras da boa sociabilidade. Induzidas ao consumismo tornam-se ambiciosas, competitivas, invejosas. Enfrentam dificuldade em construir com as informações recebidas e os conhecimentos adquiridos uma síntese cognitiva.



Assim, não percebem a vida imbuída de sentido calcado em valores infinitos. Seu universo se atém a valores finitos, palpáveis, de exacerbação do ego, como beleza, riqueza e fama. Qualquer pequeno empecilho nessa direção causa enorme frustração. Tornam-se fortes candidatas ao consumo de antidepressivos.



O governo deveria incluir no plano diretor das cidades a obrigatoriedade de quintais em prédios residenciais. Talvez um dia se possa erguer edifícios de quinhentos andares, uma cidade vertical com tudo dentro: moradias, escolas, igrejas, supermercados, lojas, quadras de esportes, consultórios, serviços públicos e até crematórios. Ali trafegaria um único veículo, o elevador. Ao sair do prédio, os moradores entrariam em contato com a natureza em estado quase selvagem (observável de janelas e varandas), com direito a respirar ar puro e nadar e pescar em lagos e rios cristalinos.



* Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais

Clip Altas Aventuras 2010 - Pais

Clip Altas Aventuras 2010 - Crianças

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fraldas, chupetas e frustrações

Pais são mais insatisfeitos do que as pessoas que não têm filhos, mostram estudos

O uso de drogas ansiolíticas, a psicoterapia e os fins de semana inteiros passados na cama não estavam nos planos de alguns casais, quando decidiram ter filhos.


Nenhum conflito com as crianças: o problema são as atuais demandas da paternidade e da maternidade.

"É bom, mas exaustivo. Depois do nascimento, na volta ao trabalho, engordei cinco quilos de ansiedade. Hoje, durmo tarde para ajudar minha filha na lição. Quando o alarme toca às 6h, quero chorar", diz a secretária Michele de Luna, 32, mãe de Maria Clara, 8.

"Eu me justifico o tempo todo, falo para ela que preciso trabalhar. Nos fins de semana, quero fazer de tudo com ela, para compensar a semana. É culpa demais."


A constatação dos acadêmicos é ainda mais dura. Os estudos feitos nos EUA e na Europa nos últimos anos mostram que, em relação aos que não têm filhos, os pais demonstram níveis mais baixos de bem-estar mental, felicidade, satisfação com a vida e com o casamento.


Um último trabalho, publicado em 2009 no "Journal of Happiness Studies", até tentou contrariar os resultados das pesquisas anteriores.


Depois de analisar dados de 15 mil britânicos por uma década, um economista escocês atestou que pessoas com filhos eram mais felizes.


Mas a euforia durou pouco: em março deste ano, o autor publicou uma errata. Ao rever os números, viu que "o efeito de ter filhos na satisfação das pessoas é frequentemente negativo".


"Há uma sensação de perda, de não estar dando o que poderia. E uma cobrança grande. Qualquer distúrbio de comportamento é visto como culpa da criação dada pelos pais", analisa a cientista social Maria Coleta Oliveira, professora da Unicamp.


No Reino Unido, a Universidade de Kent centraliza uma rede de pesquisadores de todo o mundo que se dedicam a entender as peculiaridades do que chamam de nova cultura parental.


"Ser pai ou mãe passou a ser considerada uma atividade ou habilidade, e não uma forma de relacionamento, e é retratada como algo inacreditavelmente difícil", explica à Folha Jan Macvarish, pesquisadora da universidade.


Com tanta pressão, fica difícil educar um filho sem se sentir mal e aquém das expectativas próprias e alheias.

O excesso de informações sobre como criar a prole gera a impressão de que uma boa educação deve ser guiada por um especialista.

O LADO DELES


A mãe já está acostumada a carregar o mundo dos filhos nas costas. Mas o papel do homem na educação ganhou destaque nos últimos tempos, abrindo espaço para mais culpa e frustrações.


"Fala-se muito do novo pai. Há cobrança para que ele esteja mais presente. Mas que chefe entende o executivo não ir à reunião para levar o filho ao pediatra?", indaga Maria Coleta de Oliveira.


O publicitário Carlos Munis, 31, viveu esse drama nos primeiros anos de Igor, 10. O excesso de pitacos da família e dos amigos o deixou "bloqueado". Ter se separado da mulher também contribuiu para o afastamento.

"Eu não sabia como dar banho, fazer dormir, dar comida sem me estressar. Minha autoestima foi lá pra baixo. É muita gente falando,você se sente incapaz."

Com o tempo, Carlos aprendeu a assumir a paternidade. "Passei a participar mais. Pai sempre se sente frustrado. Mas, hoje, faço do meu jeito e, se erro, erro por algo que achei que era certo."


Para Macverish, os homens se tornaram "alvo" de campanhas sobre criação dos filhos, o que gera tensões entre o casal. "Em vez de negociar apenas o ponto de vista dos dois sobre os filhos, pai e mãe estão incorporando mais conselhos externos."


O psicanalista Rubens de Aguiar Maciel, que pesquisou futuros pais, constatou a insegurança em relação às novas competências paternas. "É muita pressão. Eles internalizam a cobrança da sociedade."


Pesquisas feitas no Brasil mostram que apenas um terço dos pais encontram o equilíbrio entre dar afeto e limites. Outro terço é considerado negligente, 15% são autoritários e 15%, permissivos.


"Pensa-se pouco sobre como ter e em ter filhos. As pessoas acham que sabem como fazer, por causa do excesso de informações", diz a psicóloga Lídia Weber, da Universidade Federal do Paraná.

Mesmo com filhos bem planejados, a situação pode parecer fora do controle.

A analista de negócios Andreza de Campos Vieira, 29, decidiu buscar ajuda de um terapeuta para minimizar a culpa que sente ao se desdobrar entre a rotina e os cuidados com Manuela, de um ano e cinco meses.


"Nunca achei que iria sofrer desse jeito sendo mãe. Mas já tive urticárias, dores de cabeça. Me cobro demais para fazer coisas que não consigo."


COISINHAS


A autônoma Amanda Paradela, 34, mãe de Igor,10, e de Kaian, 5, já dormiu fins de semana inteiros para descansar. "Mesmo nessa exaustão, me culpo. Se um fica doente, é porque não estou, e a babá não cuida direito. Você está no seu limite, mas cada coisinha parece um problemão."

Não é fácil se livrar da frustração. Mas tomar consciência de que ela existe é bom.


"O que deve estar em jogo é o afeto", diz a psicanalista Belinda Mandelbaum, coordenadora do laboratório de estudos da família, relações de gênero e sexualidade da USP. E alivia: "O importante é entender que não existe um modelo ideal. Existe o possível para cada um".



Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 3/8/2010
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0308201007.htm

sábado, 7 de agosto de 2010

Palavras de um velho sábio

Quando meu primeiro filho nasceu, pouco mais de seis anos atrás, realizei um sonho há muito acalentado no coração: ser pai!
Depois de anos e anos esperando (não a gravidez, essa foi normal, de nove meses...rs), estava em minhas trêmulas mãos aquela linda criança. Eu não sabia ainda se segurava com força ou com suavidade, se o “aninhava” com meus braços ou o deixava mais livre, mas estava exultante! E eu haveria de aprender como proceder em cada detalhe, afinal - achava eu - isso é instinto natural... (Não lembrava naquele momento que em minha infância tínhamos uma gata e em certa ocasião, quando deu cria, comeu os próprios filhos! Aquilo também era instintivo.)

Não, não podia ser tão difícil.

Mas era!

E então me enchi de ânimo e “devorei” livros e mais livros para saber o que deveria fazer a fim de ser um bom pai. Aprendi muita coisa boa, como dar atenção, olhar olho-no-olho, dizer palavras encorajadoras, dar banho, trocar a fralda com cocô (arghh)...

Quando eles (um ano depois veio a segunda) começaram a falar, foi ficando mais fácil, pois a cada ano que completavam, eu perguntava: “Filho, nunca fui pai de um menino de 4 anos. O que eu preciso melhorar?” E eles diziam: “Continue assim, papai.”

Mas ao fazer seis anos, cheguei para o Isaac e fiz a mesma pergunta. Estava sozinho com ele em casa. E a resposta dele me quebrou: “Papai, você está indo bem. Apenas precisa brigar menos com a mamãe...”

O que tinha a ver uma coisa com a outra? E como ele sabia que eu brigava? Sempre tomamos o cuidado de não discutir na frente deles!!
Eu havia lido livros e tentado ser o melhor pai, mas esqueci das palavras de um velho sábio que ouvi num congresso certa vez. Dr Shedd disse naquela ocasião que a melhor coisa que um pai poderia fazer por seu filho seria amar a mãe dele.

Tenho ouvido muitas mães em meu escritório dizerem: “Ele não tem sido um bom marido, mas é um excelente pai!” Infelizmente, isso não é possível.

Naquele dia que ouvi meu filho dizer aquilo, pedi perdão a ele e ao Senhor. Tive uma longa conversa com minha esposa e tenho lutado para ser mais do que um bom pai, mas um bom marido.

Se essa é uma luta sua também, amigo, talvez essa seja também a melhor decisão a fazer hoje: ser um bom marido. Deus o abençoe!


Ricardo Lebedenco

Extraido de www.seligafamilia.com.br

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Clip Oficial Altas Aventuras Kids 2010


Geração conta-tudo



POSTE O QUE VOCÊ QUISER, MAS ENCARE AS CONSEQUÊNCIAS; NA INTERNET, NADA SOME

Os elefantes e a internet têm algo em comum: eles nunca esquecem.


Lucieny Moraes, 18, que o diga. Ao digitar o próprio nome no Google, a garota encontrou o fotolog que havia abandonado em 2006.


Ela não gostou da surpresa. "As fotos são velhas, e o jeito como eu escrevia era engraçado", diz. "Se alguém vir isso, vai ser uma desgraça!"


Como não se lembra da senha de acesso ao site, Lucieny não consegue apagar as fotos. E, mesmo que conseguisse, a informação ainda apareceria na busca do Google.


"As ferramentas da internet foram construídas para guardar toda informação que chega a elas", explica Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.


Mas, ao contrário da web, "a natureza humana é baseada no esquecimento", diz. "Não nos lembramos dos detalhes após um certo tempo."


Isso, é claro, sem a forcinha da internet. Ele cita o vídeo de Daniela Cicarelli na praia, que, mesmo depois de deletado, ainda circula na internet. "As pessoas baixam e "repostam'", explica.


É esse tipo de questão que a geração conta-tudo, que cresceu com acesso à rede, nem sempre tem em mente.


"Os "nativos digitais" não têm maturidade emocional para avaliar o que pode ser exposto ou não", diz a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP.


Essa imaturidade pode ter consequências. A pesquisa "Norton Online Family Report" aponta, por exemplo, que 79% dos brasileiros de oito a 17 anos já tiveram experiências negativas on-line.

Segundo um estudo inédito da Safernet Brasil, os jovens divulgam na rede desde nome (57%) até celular (5%).

"Eles se assustam quando se dão conta da repercussão que a web pode ter", diz Rosa.


FORA DE CONTROLE

Em ferramentas como o Twitter, uma informação pode viajar rápido e longe.


Uma pesquisa feita pela equipe do site constatou que 50 milhões de "tweets" são publicados por dia: são 600 tuitadas por segundo.


E isso inclui os "RTs". Como os usuários repassam os "tweets", não adianta o autor tentar apagá-los mais tarde.


Daniela Adamek, 16, tuita quase 40 vezes por dia. Mas não teve problemas com o que compartilhou na rede.

"Eu penso muito antes de mostrar as coisas", afirma.

Saber o que dizer e o que guardar para si foi a fórmula que Gustavo Jreige, 21, seguiu nos sete anos em que manteve um blog pessoal.


Assim, o rapaz ganhou destaque e foi convidado para ser sócio de uma agência de publicidade voltada a mídias sociais. "A internet é uma representação do mundo real, e é cruel como ele."


VIDA SEM SENHA

O quanto compartilhar a vida na rede prejudicará os jovens depende de um futuro ainda incerto. Especialistas apostam no "perdão social": lá na frente, as pessoas vão relevar informações antigas que circulam na web.

Mas não é esse o cenário atual. "Vivemos em uma era sem capacidade para o arrependimento on-line", afirma Patricia Peck Pinheiro, advogada especialista em direito digital.

"Aos 40 anos, alguém pode ser julgado pelo que fez aos 16", completa Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil. "Pode ser que haja tolerância, mas é melhor se precaver."



Folha de S. Paulo
, Folhateen, 26/7/2010
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm2607201009.htm

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