quarta-feira, 26 de maio de 2010

Obesidade e hormônios em alimentos antecipam a chegada da puberdade

Elas largam bonecas para se dedicar a maquiagens e revistas com os astros de Hollywood. Eles folheiam escondidos revistas masculinas, sonhando com as beldades da televisão. Seria normal se não fossem crianças com até 10 anos de idade. A tendência de amadurecimento precoce é global, afirmam especialistas. Pesquisa realizada no Paraná de 2006 a março deste ano pela rede de medicina diagnóstica Dasa confirma a conclusão.
Como o ‘Informe do Dia’ revelou ontem, de 526 crianças analisadas, 89,16% apresentavam sinais de antecipação da maturidade. “Sabemos que a incidência da puberdade precoce no mundo está maior”, explicou o autor da pesquisa, o endocrinologista Mauro Scharf. O também endocrinologista Paulo Solberg, da Sociedade Brasileira de Pediatria, a puberdade é precoce quando os sinais aparecem em meninas antes dos 8 anos de idade e, em meninos, antes dos 9.
“O ideal é que a criança seja avaliada logo que começar o desenvolvimento puberal, para que o médico possa analisar se é necessário interromper esse processo”, esclarece Solberg, ressaltando que, em alguns casos, a puberdade precoce está ligada a doenças. “Não é o esperado nem ideal que a menina menstrue aos 9 e anos de idade. É fundamental que essa criança seja avaliada”, destaca.
Scharf ressalta que alguns tumores, como o de suprarrenal, ovários, testículos ou sistema nervoso central, têm como sintoma a puberdade precoce. O problema também pode estar ligado à obesidade. “O corpo reconhece o peso como o de uma pessoa mais velha e dispara os mecanismos hormonais”, ressalta.
Maria Alice Bordallo, do Departamento de Endocrinologia-Pediátrica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, afirma que a presença de hormônios em alimentos também pode desencadear o problema. “Estudos indicam que pesticidas e agrotóxicos aceleram a maturidade, mas em 95% dos casos em meninas a puberdade precoce é idiopática, ou seja, não tem uma causa orgânica. Nos meninos, é mais comum ter relação com alguma doença”, explica Bordallo.
Segundo a médica, a puberdade precoce pode ser interrompida por meio de injeção uma vez ao mês. “Mas cada caso é diferente. Se não for afetar a vida da criança, não tem por que tomar essa atitude”, explica, ressaltando que os pais devem ficar atentos. “São crianças mais vulneráveis a abusos sexuais, pois elas às vezes não entendem. Os pais devem ficar muito atentos e dialogar”, conclui.
O estudo da Dasa foi feito com crianças encaminhadas por médicos interessados em checar os sinais da precocidade nos pacientes e, portanto, os resultados são superiores aos da população em geral. “Os números revelam uma situação específica do Paraná com pacientes que já tinham sinais de puberdade precoce. Não foram crianças escolhidas aleatoriamente”, frisou Scharf.
Diálogo em casa sobre as mudanças no corpo
Uma vez ao mês, Júlia Assumpção, 9 anos, tem um cuidado que a maioria das meninas da sua idade ainda não tem: comprar absorventes e evitar usar roupas brancas ‘naqueles dias’. Pode parecer estranho para alguns, mas Júlia tira de letra. Tudo porque a mãe da menina, a piloto de avião Nívia Assumpção, 36 anos, logo que percebeu os sinais de amadurecimento da filha, explicou para a menina o que estaria por vir. “Quando ela completou 7 anos, começou a ter pelos pubianos. Levei ao endocrinologista e ela começou a fazer acompanhamento médico e tratamento para evitar a menstruação ”, contou Nívia.


O mesmo cuidado tem a esteticista Rosemary Bello, 38 anos. A filha, Aline Landeira, 10 anos, ainda não menstruou, mas já usa sutiã. “Quando ela completou nove anos percebi que os seios estavam crescendo. Conversamos muito e a levei ao pediatra”, contou a mãe. Rosemary afirma que o caso de Aline não é o único na turma de amigas da menina. “Todas elas já estão passando por isso. Eu me assustei, pois tive minha primeira menstruação aos 14. Mas ela lida bem com isso”, diz Rosemary.
Tão bem que Aline já pensa em usar silicone. “Se meus seios não crescerem mais, vou colocar!”, contou a menina, que trabalha como modelo infantil nos intervalos entre brincar de boneca e estudar Português e Matemática.

POR CLARISSA MELLO

Lei antibullying é aprovada por unanimidade na assembleia gaúcha

A Assembleia Legislativa gaúcha aprovou na terça-feira (25), por unanimidade, uma lei que prevê políticas públicas contra o bullying nas escolas de ensino básico e de educação infantil, privadas ou do Estado, em todo o Rio Grande do Sul.
"Estamos diante de uma epidemia social muito grave, inclusive com tentativas de suicídio e agressões a professores", justificou o deputado Adroaldo Loureiro (PDT), autor do projeto.
A decisão foi motivada pela morte de um adolescente de 15 anos em Porto Alegre, há duas semanas, vítima das agressões de um colega. Ele foi morto a tiros porque reagiu às frequentes humilhações a que era submetido pelos agressores.

Crime e castigo

O texto aprovado pela Assembleia gaúcha permite que as escolas documentem a incidência e a natureza das ações de bullying, com a identificação dos agressores. Além de planos de prevenção e combate às práticas de intimidação física e psicológica, as unidades de ensino também deverão treinar professores e funcionários para "abordagens de caráter preventivo".
A proposta classifica como bullying toda a violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, que ocorra sem motivação evidente com o objetivo de intimidar, isolar ou humilhar uma ou mais pessoas e que cause dano emocional ou físico às vítimas, além de "desequilíbrio de poder" entre as partes envolvidas. O texto aprovado não prevê punições aos agressores.
O deputado disse que não cabe à assembleia propor sanções aos praticantes de bullying. "Prever punições é tarefa do Executivo, que pode e deve fazer isso quando regulamentar o projeto. Por outro lado, a lei abre a perspectiva de que as próprias escolas criem ações repressivas no seus regimentos internos. Isso é perfeitamente possível", disse Loureiro.
Loureiro também informou que eventuais punições a agressores já são previstas no Código Penal, quando os alunos forem maiores de idade, e no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O deputado citou os artigos 146 e 147 do Código Penal, que tratam de constrangimento ilegal e ameaça, como suficientes para punir ações de bullying.

Diálogo e paz

Mas, segundo o deputado, mais do que punir, o objetivo da lei é estimular o "diálogo e a paz" entre alunos, pais e educadores. Ele afirmou que os agressores também são vítimas de uma pressão cultural em que a imposição física é uma exigência.
"Não dá para ignorar o problema, que é grave e atinge todas as escolas. O governo e as instituições de ensino precisam criar políticas antibullying efetivas, que funcionem", disse. Segundo ele, a lei cria as condições de implementação dessas políticas.
O governo elogiou a iniciativa da casa, mas ressalvou que já se ocupa do tema. "Há pelo menos três anos, as equipes da Saúde Escolar atuam sistematicamente para combater a violência no ambiente da escola. O projeto é bom, mas a preocupação não é nova na rede pública de ensino", disse o secretário de Educação, Ervino Deon.
A governadora Yeda Crusius (PSDB) afirmou que vai sancionar a medida.

Flavio Ilha

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"A erotização, mais que uma violência, é um retorno à escravidão"

EROTIZAÇÃO PRECOCE E EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTIL

Albertina Duarte divide seu tempo entre o consultório, o Hospital das Clínicas e a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, onde coordena o Programa Saúde do Adolescente desde 1986. Médica obstetra formada há 38 anos, foi uma das primeiras profissionais a lidar com a ginecologia infanto-juvenil no Brasil, ainda na década de 1970. Nesse período observou mudanças no comportamento de meninas e meninos, presenciou diversas conquistas das mulheres na sociedade e não tem dúvidas de que hoje o diálogo familiar em torno da sexualidade é muito mais aberto do que há 40 anos.

No entanto, Albertina também chama a atenção para um fenômeno que impacta de forma brusca e trágica a vida de crianças e adolescentes: a erotização precoce estimulada pela “política do consumo”, como diz. Ela conta que muitas de suas pacientes sentem-se discriminadas por não terem a roupa da moda ou são excluídas por não seguirem um padrão de beleza imposto pelo mercado.


Para ela, a velha desculpa de que a responsabilidade de toda a situação de violência que vivemos é dos pais não cabe mais nesse debate. “As famílias estão separadas, a mulher entrou no mercado de trabalho, as mães têm menos tempo para cuidar dos filhos. Isso é uma verdade internacional, mas isso não pode ser uma desculpa internacional”, alerta.



CeC - Há quanto tempo a senhora lida com adolescentes?

Albertina Duarte - Desde 1971, quando foi inaugurado o primeiro ambulatório de ginecologia infanto-juvenil do Brasil, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Eu tinha um ano de formada e fui convidada para fazer parte deste trabalho. A ginecologia infantil no Brasil começou nessa época. Na Argentina, o trabalho teve início em 1950 e, nos EUA, em 1940. Até então, essa área era muito mais voltada para a mulher adulta. Foi exatamente em setembro de 71 que se iniciou essa questão aqui, com o ambulatório e com o primeiro livro sobre o assunto, do qual eu sou co-autora, com revisão do Prof. Álvaro Bastos, publicado em 1975.


CeC - Por que o Brasil começou a tratar a questão tanto tempo depois de outros países?


Albertina Duarte - As políticas públicas do Brasil eram mais voltadas para a questão materno e infantil. Então, os focos maiores eram relacionados à puericultura, ou seja, logo ao nascer. A visão da mulher como um todo - e da mulher com seu ciclo de vida, na infância, na adolescência, até a fase adulta e da terceira idade - não existia. E o foco ainda era o tratamento da doença, e não a prevenção da saúde. Mas os movimentos de mulheres que começaram nos anos 70 apontaram para a importância de todas essas fases da vida.


CeC - Nesse período, da década de 70 até hoje, que tipo de mudanças a senhora observou com relação à sexualidade?


Albertina Duarte - Sem dúvidas, as mulheres não tinham voz para falar sobre a sua sexualidade até os anos 70. Elas sentiam-se culpadas por não terem orgasmo, não terem prazer. Poucas falavam da questão da anticoncepção. Então, havia todo um sentimento de culpa ou de cobrança. A partir da década de 80, elas passaram a se voltar mais para a sexualidade, a falar dos seus comportamentos. Isso é um fenômeno mundial. Mas também foi nesse período que a atividade sexual começou a ser cada vez mais precoce. Precoce não em termos só de idade, mas em relação a vínculos afetivos. Em muito pouco tempo de conhecimento entre os parceiros, já há a relação sexual e a mulher passa a ser vítima da cobrança no que diz respeito ao corpo.


CeC – O que contribuiu para que isso acontecesse? A mídia tem um papel nesse processo?


Albertina Duarte - Eu não acho que seja apenas a mídia. Acho que é uma política de corpo na qual a mulher começa – no movimento histórico – a se cobrar por não ter o corpo exigido pelos padrões globais, internacionais de beleza. A mulher começa a lutar pelas suas reivindicações, pelos seus cuidados... Mas também passa a ser pressionada pelo consumo, com as vendas de produtos de beleza, da moda e tudo mais. Então, há dois movimentos: um movimento de mulheres voltadas para discutir seus direitos e sua força, e outro que utiliza a mulher para que ela sinta a necessidade de consumir muita coisa para ser aceita socialmente. A política de consumo faz com que a mulher fique erotizada. Hoje a moda faz com que as crianças vistam-se como pequenas adultas e usem objetos de consumo para se sentirem aprovadas. Na escola, a menina que não tem o tênis da moda, acaba se sentindo discriminada. A questão da erotização passa também por uma necessidade de vender produtos que valorizam o corpo das meninas e dos meninos. E com certeza as roupas da moda são objetos eróticos.


CeC – Hoje os adolescentes têm dificuldades de lidar com a sexualidade e o sexo? Eles se têm se envolvido cada vez mais jovens com essas questões?


Albertina Duarte - O diálogo mudou. Hoje com certeza os pais falam mais sobre a questão sexual e a AIDS certamente obrigou essa participação mais ativa dos pais na conversa sobre sexualidade. Em todo o mundo, a questão da sexualidade e o medo de morrer de AIDS são determinantes para uma mudança de comportamento. A AIDS ainda tem o agravamento do medo da morte. Se durante muitos anos o medo era de engravidar, a partir dos anos 80 os pais começaram a ter medo de os filhos morrerem. E começaram a trabalhar com as questões de dialogar sobre sexo. Eu tenho 38 anos de formada e não tenho dúvidas de que falar com os pais hoje sobre sexualidade está muito mais fácil do que há 10, 20 anos. Não só porque eu estou mais preparada, mas porque a sociedade está exigindo isso. A sexualidade passou a ser discutida não mais com foco na insegurança. O contato passou de “como são as cegonhas” a “como se transa”. Há informações na mídia, que considero importantes e interessantes, que colocam as questões da camisinha, por exemplo. E observo que há duas mídias diferentes: a que informa, que discute, e a que é patrocinada para consumir. Hoje a mesa do mundo mudou porque esses patrocinadores precisavam vender alimentos. O que você vê na mesa da família atual é diferente do que se via há 30 anos. Também temos um excesso de consumo de roupa. Eu não tinha isso nos anos 70, de uma criança precisar usar maquiagem, creme no corpo. Desde a maternidade, a lista já começa com ítens de consumo que só falta colocar camisinha infantil para recém nascido!


CeC - A senhora acha que a sociedade como um todo percebe a relação dos problemas ligados à sexualidade com o estímulo ao consumo?


Albertina Duarte - Eu acho que os pais são reféns. Eles são heróis e deram um salto inacreditável. Foi o salto de, sem serem ouvidos quando adolescentes, passarem a falar com os seus filhos sobre a questão. Pai que nunca pôde namorar dentro de casa, hoje prefere que o filho fique com a namorada dentro de casa do que sofra um abuso, uma violência na rua. O mundo mudou. A violência exigiu uma série de mudanças sexuais, a AIDS fez a sua função, e alguém ganhou. Quem ganhou? O pessoal do “consumir para lucrar”. O problema foi que as políticas públicas não alertaram os pais para isso.


CeC - A atividade sexual é cada vez mais precoce, mas a senhora não relaciona isso somente à idade. O que mais contribui?


Albertina Duarte - A menstruação, quando eu me formei, acontecia aos 13 anos. Hoje acontece aos 12. Eu já fiz parto de menina de nove anos de idade. São três mil casos de meninas que menstruam antes dos 10 anos. Meninas com seis anos que começam a ter mamas, pêlos, e que são abordadas na escola como pequenas mulheres. Eu atendia uma menina que de sete anos que era obrigada pelos meninos da oitava série (ela estava na terceira) a fazer poses eróticas. A gordura, o aumento de peso, e o excesso à exposição à luz e ao som estão relacionados à puberdade precoce; existem vários fatores. Se você antecipa a menstruação, você antecipa também caracteres sexuais secundários, quer dizer, quem menstrua aos 9, 10, começa a ter caracteres sexuais secundários três anos antes. Então, com sete ou oito anos, as meninas muitas vezes já se tratam como mulheres. Com os meninos isso também acontece.  Essa situação não teve uma abordagem social das autoridades. Não é só uma política pública, é uma discussão nacional para que os pais tenham ferramentas para proteger os seus filhos. Não basta dizer: “A coisa começa em casa”. Não é bem assim. As famílias estão mudando. As famílias estão separadas, a mulher entrou no mercado de trabalho, as mães têm menos tempo para cuidar dos filhos. Isso é uma verdade internacional, mas isso não pode ser uma desculpa internacional. Não basta um discurso dizendo que é preciso que as famílias voltem às origens. Elas já estão em outra etapa. É preciso que o Estado e a sociedade garantam que as famílias não sejam culpadas pelas situações que estão acontecendo. Eu sei muito bem ver os sinais de abuso.


CeC - E quais são esses sinais?


Albertina Duarte – O primeiro é a queda do desempenho escolar. Depois observa-se a alegria, os olhos, o movimento da criança. Ou ela começa a falar muito rápido, fica muito agitada, ou muito quieta. E a mudança é brusca. Você vê uma criança que brinca de boneca, que conversa, e de repente ela passa a ficar diferente. Não participa mais, quer ficar sozinha. Esses são sinais importantes. Se essa criança chora ou não dorme direito pode ser até uma dor de barriga, mas pode ser uma gravidez. A mãe deve ficar na retaguarda e saber identificar quando seus filhos estão diferentes. Uma criança que só fica no computador, que fica quieta o tempo todo, não tem nenhuma recreação, não tem horário para comer pode estar com problemas.


CeC – A violência sexual atinge todas as camadas socioeconômicas?


Albertina Duarte - A violência sexual atinge crianças e adolescentes de altíssima classe social até de classes sociais mais baixas. Se nós temos um sinal democrático que é horrível, é a violência. Ela perpassa todas as classes sociais com quase a mesma intensidade. E muitas vezes uma família de nível social muito alto tem as mesmas poucas ferramentas que aquela mais pobre. Quando uma criança de oito anos de uma camada social mais baixa é estuprada, a mãe chega muito mais rápido a mim do que uma menina de nível social alto. As políticas públicas são importantes, mas é preciso uma discussão agora! Nós sabemos que a erotização é um fenômeno, que a violência sexual é um fenômeno, que o tráfico de mulheres é um fenômeno, e que as mulheres estão indo para fora do Brasil porque há um mercado para isso. Se existe um mercado brasileiro garantido é o da prostituição. Se nós já sabemos identificar o turismo sexual, o mercado da prostituição e a erotização, o que fazer? É preciso que o coletivo das autoridades, da escola, da saúde, da educação passe a fazer um debate sério. Por isso que eu luto tanto pela causa na área da saúde, para que essas crianças e adolescentes não sejam escravos da oferta de consumo sexual.


CeC – Na opinião da senhora, qual é a maior dificuldade de estabelecer esse debate de forma mais séria?


Albertina Duarte - No Estado de São Paulo conseguimos reduzir a gravidez na adolescência em 34%.  Nós temos um SUS e uma legislação fantástica, a melhor do mundo. Somos um país que tem recursos, sim. Da mesma forma que construímos casas populares, hospitais e implementamos várias “bolsas famílias”, deve existir a bolsa saúde, uma bolsa de discussões. É preciso popularizar o acesso ao debate. Devemos formar profissionais capazes de entender o erotismo. Acho que na escola pública e privada tem de se discutir o erotismo. A erotização, mais que uma violência, é um retorno à escravidão.


CeC - Como as suas pacientes reagem a essas questões?


Albertina Duarte - Eu já fiz parto de menina de 10, 11 anos, e realmente é um impacto. Uma criança tomando conta de outra criança. O que a gente tem feito é primeiro tentar fazer com que essa criança tenha um vínculo com o filho. Num primeiro momento ela até fica feliz, mas veja, a vida passa. O grande problema é como essa criança fica socialmente excluída. Ela entra no mercado de trabalho sem condições. Então, ela volta a engravidar.


Fonte : Instituto Alana

Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil completa 10 anos

O dia 18 de maio marca, no Brasil, um acontecimento que não dá orgulho a nenhum brasileiro: é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. Nesta mesma data, em 1973, ocorreu um crime que chocou o país. Araceli Cabrera Sanches, de 8 anos, foi seqüestrada, estuprada e morta por rapazes de uma tradicional família de Vitória, no Espírito Santo. Apesar da barbaridade, os criminosos saíram impunes.

O caso tornou-se um símbolo da luta pelos direitos e pela proteção das crianças. Em 2000, o dia 18 de maio foi escolhido para lembrar e chamar a atenção das autoridades e da sociedade civil sobre a necessidade de proteger crianças e jovens contra a violência e a exploração sexual.

Passados 10 anos, a data é parte do calendário de muitas instituições e ganhou espaço nos meios de comunicação e no cinema. Recentemente, foi lançado o filme "Sonhos Roubados", dirigido por Sandra Werneck, que conta a história de três adolescentes que têm em comum o convívio com a pobreza, os problemas típicos da adolescência, além da violência e a exploração sexual. O tema também é exposto em "Anjos do Sol", dirigido por Rudi Lagemann, no filme "Deserto Feliz", de Paulo Caldas, e muitos outros.

Segundo Ana Maria Drummond, diretora executiva da ONG Childhood Brasil, o tema entrou em pauta na mídia e nos órgãos públicos. "Os canais disponíveis para a denúncia de casos de abuso e exploração sexual infanto-juvenil, incluindo o Ligue 100 e o www.denuncie.org.br, vêm sendo mais divulgados e têm registrado um número crescente de denúncias, inúmeras das quais têm se transformado em inquéritos e condenações. Aos poucos, a sociedade vem se conscientizando sobre a importância da denúncia como ponta-pé inicial para o rompimento das situações de violência."

De acordo com a Childhood Brasil, o número de programas especializados de atendimento a crianças e adolescentes tem aumentado e houve avanços na legislação, como a Lei 11.829/2008, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e conferiu mais rigidez às punições para crimes sexuais contra crianças e adolescentes cometidos por meio da internet. A alteração também prevê penas para quem armazena material de pornografia infanto-juvenil e aos provedores.

Apesar dos avanços, ainda existem muitos desafios no combate à violência e à exploração sexual de jovens e crianças. "São necessários esforços imediatos, permanentes e integrados entre os diferentes setores. É necessária uma verdadeira mudança de mentalidade e de atitude sobre problemas que muitas pessoas ainda preferem enxergar como distantes da sua realidade. Só assim, alcançaremos resultados mais efetivos", ressalta Ana Maria Drummond.

Entidades que lidam com o problema observam que a exploração sexual é um problema causado por diversos fatores, mas que também está associado ao consumo. De acordo com pesquisa da Childhood Brasil, falta de estrutura familiar, drogas e abusos de familiares ou pessoas próximas são situações presentes na vida de muitas meninas que passaram a fazer sexo em troca de dinheiro. Além disso, 65% das meninas que responderam a pesquisa declararam que usam o dinheiro da exploração para comprar bens de consumo como celulares, tênis e roupas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dependência do computador afasta crianças e adolescentes do mundo real Parte II

Dependência do computador afasta crianças e adolescentes do mundo real Tratamento
Sessões de terapia, remédios e tratamento de outros problemas geralmente associados, como depressão e ansiedadePrevenção inclui jogos reais e lazer fora de casa


Estudos apontam que entre 5% e 8% dos usuários tendem a desenvolver dependência do computador - o que no Brasil significa algo em torno de 4 milhões de pessoas. Quando se trata de crianças e adolescentes, algumas formas de prevenção são: não deixar a máquina no quarto, e sim numa área de uso comum da casa, oferecer jogos reais, e não virtuais, além de atividades de lazer fora de casa, como passeios ao ar livre e idas ao cinema.

O psiquiatra Gabriel Bronstein trabalha com quadros de dependência há três anos e já conheceu situações extremas, como o de um rapaz de 17 anos, funcionário de uma oficina, que gastava o salário na lan house.

Sua mãe foi até a loja e suplicou para que o dono não o deixasse mais entrar lá. Outro, de 15 anos, era entregador de supermercado e deixava de fazer as entregas para jogar. Foi demitido.

Bronstein viu ainda casos de crianças que pararam de viajar com os pais nas férias porque não queriam se distanciar do computador. "Nem sempre o prejuízo é visível, por isso é comum os pais demorarem a perceber." As situações podem ser tão graves quanto as dos dependentes de drogas e álcool - o que move todo dependente, afinal, é a busca pelo prazer.

Conforme se vai jogando, ocorre liberação de dopamina no sangue, o que faz com que se queira mais horas ao computador. Além da psicoterapia, o tratamento pode incluir medicação e orientação aos pais, que precisam se mostrar parceiros da criança. Não é necessário tirar completamente o computador, como nos casos de alcoolismo. O importante é a recuperação de seu uso de modo saudável.



O Estado de S. Paulo
, Vida &, 10/5/2010

* Tecnologia na sala de aula

Carteiras com teclado, telas sensíveis ao toque e conteúdo em 3D. As escolas chegaram ao século XXI

Nada é mais tradicional do que a aula “cuspe e giz”, aquela que só depende da fala do professor para se concretizar. Mas a tecnologia está fornecendo cada vez mais recursos para turbinar o que acontece na escola e deixar o dia a dia dessa geração de crianças tão digitais mais próximo de sua realidade.

Aliados poderosos, como a projeção tridimensional, facilitam o ensino de temas intrincados, como reações químicas ou demonstrações de leis da física. Já existem no mercado, por exemplo, diversos softwares que apresentam os conteúdos didáticos do currículo proposto pelo Ministério da Educação.

Pode-se desenvolver material para todas as disciplinas com interatividade, usando capacetes e luvas que transmitem o movimento dos alunos. Isso sem falar nas carteiras com teclado, mouse e telas sensíveis ao toque. Tudo para atrair a garotada.

“Quando você percebe que essas crianças entram em uma sala de aula no mesmo formato do século XIX, há cansaço, desentendimento, falta de vontade de aprender”, afirma Jorge Vidal, diretor da Interdidática, feira que aconteceu recentemente em São Paulo e trouxe os lançamentos de ponta do setor para o mercado brasileiro. O Colégio Castanheiras, na capital paulista, abraçou a tecnologia. A partir do segundo ano do ensino fundamental todas as salas têm lousa digital e a tradicional e dois computadores ligados à internet – um para o professor e outro para os alunos. Do oitavo ano em diante, os estudantes também usam notebooks. “As salas têm sempre as duas lousas, porque somos da geração da transição, com giz e mouse, que não brigam”, diz a diretora pedagógica Débora Vaz. Aliadas às lousas digitais, carteiras especiais permitem integrar totalmente as aulas com a apresentação do professor. Fechadas, elas parecem comuns, com tampa de madeira e apoio para canetas e lápis. Sob a tampa, monitor, mouse e teclado.

Toda a tecnologia disponível, no entanto, não assegura por si só uma revolução educacional. É preciso aprimorar didática e conteúdos. O desafio agora é garantir o bom uso da tecnologia. “O risco é repetir o velho com a ferramenta nova”, diz Nilbo Nogueira, doutor em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Novas mídias, recursos e possibilidades garantem mais chances de aprendizado para toda a sala, afirma o professor. “Há alunos mais visuais, outros que aprendem ouvindo. Mas, na aula tradicional, você atinge menos gente.”

Outra boa notícia é que a disponibilidade da tecnologia não está apenas nas escolas de elite. A Sapienti, empresa que desenvolve lousas e salas multimídia, tem nas escolas públicas seu principal cliente. “Na rede pública, 30% dos alunos não tinham computador em casa, mas 60% deles acessavam de um cybercafé”, diz Gonçalo Clapes Margall, diretor da Sapienti. Diante da revolução digital, a rendição parece inevitável.

Istoé
, Comportamento, 12/5/2010



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pesquisa revela dados preocupantes sobre bullying em escolas brasileiras

A palavra bullying entrou no vocabulário dos brasileiros há poucos anos, mas a prática não é nova e é observada em todo o país. O bullying, palavra que quer dizer intimidação em inglês, caracteriza-se por agressões físicas ou verbais entre crianças e adolescentes. Muitas vezes o que pode parecer apenas uma brincadeira tem conseqüências por toda a vida.

A Plan, organização não-governamental de origem inglesa, realizou uma pesquisa para entender como o bullying acontece nas escolas brasileiras. A coleta de informações foi realizada em 2009, nas cinco regiões do país. O questionário foi respondido por 5.168 alunos, de 25 escolas, sendo vinte públicas municipais e cinco particulares.

De acordo com a pesquisa, o bullying é mais comum no Sudeste e no Centro-Oeste e a incidência maior está entre adolescentes de 11 a 15 anos, da sexta série do ensino fundamental. Segundo os estudantes, as vítimas são descritas como pessoas que apresentam diferenças em relação aos colegas, como traços físicos marcantes, necessidades especiais, roupas consideradas diferentes e até a posse de objetos que indicam status socioeconômico superior.

O Projeto Criança e Consumo se preocupa com essa questão e observa uma ligação direta entre o fenômeno do bullying e outras formas de agressão com a questão do consumo. “Nós trabalhamos a violência ligada ao consumo inclusive dando suporte a outras instituições que combatem esse problema. Hoje, muitas crianças acham que precisam ter para ser, o que implica se sentir integrado ao grupo com base em símbolos de consumo, como as marcas”, diz Lais Fontenelle, Coordenadora de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo.

Dos meninos entrevistados, 12,5% dizem já ter sido vitimas de bullying. Já entre as meninas, 7,6% dizem ter sofrido agressões. 70% dos estudantes responderam ter presenciado agressões entre colegas. Quase 9% afirmam ter visto colegas serem maltratados várias vezes por semana, e outros 10% disseram ver essas agressões diariamente.

A pesquisa revela que, muitas vezes, os maus tratos acontecem dentro de  sala de aula e no pátio, onde há uma boa visibilidade e onde o controle da violência, por parte de professores e funcionários, deveria ser mais eficiente.

Com relação ao bullying virtual, ou ciberbullying, que são comportamentos agressivos via blogs, redes sociais e mensagens por celular, por exemplo, 16,8% disseram ser vítimas, 17,7% falaram que são praticantes e 3,5% são vítimas e praticantes. As vítimas disseram que, por conta dos maus tratos, perdem o entusiasmo, a concentração e têm medo de ir à escola.

O relatório da pesquisa descreve que os “dados permitem inferir que o maior impacto desse tipo de violência é justamente no processo de aprendizagem e no desenvolvimento escolar das vítimas.” Além disso, o texto reforça que “há despreparo da maioria das escolas pesquisadas para reduzir ou eliminar a ocorrência de situações de violência escolar”. E conclui: “Isso se deve à escassez de recursos materiais e humanos, bem como à falta de capacitação dos professores e das equipes técnicas”.

Tecnologia parece alterar caráter de amizades juvenis

Antigamente, as crianças conversavam fisicamente com seus amigos. Aquelas horas passadas no telefone da família ou na companhia de amigos do bairro desapareceram muito tempo atrás. Hoje, porém, até mesmo trocar ideias por celular ou e-mail está ultrapassado. Para os adolescentes e pré-adolescentes atuais, a amizade parece se desenrolar cada vez mais por meio de minitextos, SMSs ou nos fóruns muito públicos de Facebook ou MySpace.

Boa parte das preocupações com esse uso da tecnologia tem sido voltada, até agora, a suas implicações no desenvolvimento intelectual das crianças. Mas especialistas começam a estudar um fenômeno profundo: a possibilidade de a tecnologia estar mudando a própria natureza das amizades das crianças.

"De modo geral, os temores suscitados pelo ciberbullying e o sexting [troca de mensagens com textos e imagens de teor sexual] têm ocupado o primeiro plano, deixando em segundo plano um olhar sobre coisas realmente nuançadas, como a maneira como a tecnologia está afetando o caráter de proximidade da amizade", disse Jeffrey G. Parker, professor-associado de psicologia na Universidade do Alabama, que estuda as amizades infantis desde a década de 1980. "Estamos apenas começando a analisar essas modificações sutis."
A dúvida é se todo esse envio de mensagens e a participação em redes sociais on-line permite aos adolescentes e crianças ficar mais em contato com seus amigos e lhes dar mais apoio -ou se a qualidade de suas interações está sendo prejudicada pela ausência da intimidade e da troca emocional dadas pelo tempo passado fisicamente juntos.

Ainda é muito cedo para saber a resposta. Escrevendo no periódico "The Future of Children", Kaveri Subrahmanyam e Patricia M. Greenfield, psicólogos, respectivamente, da Universidade Estadual da Califórnia e da UCLA, observaram: "Evidências qualitativas iniciais indicam que a facilidade das comunicações eletrônicas pode estar fazendo os 'teens' terem menos interesse em comunicação cara a cara com seus amigos. São necessárias mais pesquisas para avaliar até que ponto esse fenômeno está presente e quais seus efeitos sobre a qualidade emocional de um relacionamento".

Mas a questão é importante, acreditam estudiosos, porque as amizades infantis estreitas ajudam as crianças a ganhar confiança em pessoas de fora de seu círculo familiar e a deitar as bases para relacionamentos adultos saudáveis. "Não podemos deixar que os relacionamentos bons e estreitos desapareçam. Eles são essenciais para permitir que as crianças brinquem com suas emoções, expressem suas emoções -todas as funções de apoio que acompanham os relacionamentos adultos", disse Parker.

O que veem muitos profissionais que trabalham com crianças são intercâmbios mais superficiais e mais públicos que no passado. Um dos receios é que as crianças e os adolescentes de hoje possam estar deixando de viver experiências que os ajudam a desenvolver empatia, compreender nuances emocionais e interpretar indicações como as expressões faciais e linguagem corporal. Com as obsessões tecnológicas das crianças começando em idade cada vez mais precoce, é possível que seus cérebros acabem sofrendo modificações e que essas habilidades se enfraqueçam mais, pensam alguns pesquisadores.

Mas outros estudiosos da amizade argumentam que a tecnologia está aproximando as crianças mais que nunca. Elizabeth Hartley-Brewer, autora do livro "Making Friends: A Guide to Understanding and Nurturing Your Child's Friendships" (Fazendo amigos: um guia para compreender e alimentar as amizades de seu filho), acredita que a tecnologia permite a adolescentes e crianças ficar conectados com seus amigos 24 horas por dia. "Acho possível afirmar que a mídia eletrônica está ajudando as crianças a ficar muito mais em contato e por mais tempo."

E alguns pais concordam. Beth Cafferty, professora de segundo grau em um subúrbio de Nova York, estima que sua filha de 15 anos envie centenas de mensagens de texto todos os dias. "Acho que eles ficam mais próximos. Qualquer coisa que me vem à mente eu lhe digo imediatamente por mensagem de texto", disse ela. Para algumas crianças ou adolescentes, a tecnologia é um instrumento que facilita uma vida social ativa.

Hannah Kliot, 15, aluna de nona série em Manhattan, diz que usa o SMS para fazer planos e para transmitir coisas que acha engraçadas ou interessantes. Mas também o usa para saber como estão suas amigas que podem estar chateadas com alguma coisa -e, nesses casos, procura conversar realmente com elas. "Mas acho que a nova forma de conversar com uma pessoa é o bate-papo por vídeo, no qual você realmente vê a outra pessoa", disse. "Já dei telefonemas, mas telefonar é considerado antiquado."

Folha de S. Paulo, The New York Times, 10/5/2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dependência do computador afasta crianças e adolescentes do mundo real

Aos doze anos, Derek era um menino a quem o pai, William, considerava normal: aluno regular, com amigos na vizinhança, que jogava futebol e passeava com a família. Na passagem para os treze, mudou. Não pisa mais na rua e só quer ficar diante do computador. Quando avistam William, os outros garotos perguntam "E aí, cadê o vício?" As crianças perceberam o que Derek se recusa a ver: ele tem uma relação de dependência com o computador, jogando por oito horas diárias.

O menino evita qualquer atividade que o faça desgrudar da tela, até mesmo ir ao banheiro e comer. "O jogo virou prioridade na vida dele. Estamos num beco sem saída", conta William, técnico em refrigeração que, como a mulher, passa o dia fora. Preocupado, o casal levou Derek à Santa Casa de Misericórdia do Rio, que montou o primeiro serviço do País especialmente voltado a crianças e adolescentes viciados em jogos e internet. "Abrimos as inscrições e em um mês 50 pessoas apareceram", conta o psiquiatra Gabriel Bronstein, coordenador do núcleo.

Das 50, dez foram diagnosticadas como dependentes, e estão fazendo sessões de terapia. Uma nova triagem deve ser feita no segundo semestre. Quem tiver ansiedade, depressão, transtorno de déficit de atenção ou outra comorbidade receberá tratamento - em muitos casos há ligação entre a dependência e uma condição pré-existente.

Antes de conhecer o Mu, jogo com cavaleiros, feiticeiros e gladiadores, Derek não destoava de seus pares. Quando perceberam que a dedicação estava excessiva, os pais vetaram o computador. Ele revoltou - e começou a passar as tardes na lan houve. "Ele deixava de comprar merenda para ir a lan house, e emagreceu", conta o pai.

Derek não gosta mais dos fins de semana e feriados - é quando os pais ficam em casa e regulam a rotina. Ele não percebe o exagero. "Não acho muito tempo."

Lucas, de 15 anos, outro que passa oito horas conectado, e que também foi levado à Santa Casa, pensa como ele. "O jogo não me prejudica em nada." O menino resistiu a ser levado ao psiquiatra. "Isso é para quem tem parafuso a menos." O que fascina Lucas são os jogos de combate. A mãe, a enfermeira Patrícia, se preocupa com o fato de ele deixar de se relacionar com o mundo real. "Ele está isolado."

Na Santa Casa, Derek e Lucas responderam a questões sobre o desejo de estar conectado, a irritação quando alguém lhe perturba durante o jogo e o vazio que sente sem o computador.

Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, crianças não têm maturação cerebral para lidar com alguns estímulos. "O córtex pré-frontal não está plenamente desenvolvido nas crianças, então elas têm dificuldade em conter os impulsos", diz. Há quatro anos ele acompanha jovens e adultos viciados em internet no serviço coordenado pelo Instituto de Psiquiatria da USP. Há núcleos com atendimentos semelhantes na Unifesp e nas PUCs de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

SINAIS DE ALERTA

Comportamento

Falta de interesse em atividades fora do mundo digital, mentiras constantes para a família para encobrir envolvimento com as atividades online, faltas à escola e a outros compromissos, irritabilidade e ansiedade por não usar o computador, falta de
interesse por passeios e festas com amigos, problemas no relacionamento social

Problemas físicos
Taquicardia durante o dia, obesidade ou subnutrição devido à má alimentação dentro da lan house, sono constante na aula, baixo rendimento escolar ou no trabalho, comprometimento na postura, lesões por esforços repetitivos (conhecida como LER), esforço na visão por conta da luz do monitor





O Estado de S. Paulo
, Vida &, 10/5/2010

* Bebê que mama no peito controla melhor o apetite

Crianças que mamam só no peito nos primeiros meses controlam mais o apetite após o desmame do que as que tomam mamadeira, diz estudo americano com 1.250 bebês.

Dos que só mamaram no peito, apenas 27% tomavam toda a mamadeira do 6º ao 12º mês. Dos alimentados com mamadeira, 68% bebiam tudo.

Segundo os médicos, a diferença é causada pelo uso da mamadeira: leite materno ou leite preparado servidos no bico têm o mesmo resultado.

Para o líder da pesquisa, os pais estimulam os filhos a terminarem a mamadeira, por isso eles comem mais. No peito, o bebê controla a quantidade.

Folha de S. Paulo, Saúde, 11/5/2010

Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.


Existe uma bela historia de um rapaz chamado Daniel, que após ter sido seqüestrado e levado para outro pais, longe de sua terra e cultura. Teve que se habituar à alimentação de sua nova terra, ou seja, a comida que o Rei comia ele e seus amigos também deveriam comer. Mas Daniel teve uma grande idéia: “não irei me alimentar durante dez dias, dê-nos somente legumes para comer e água para beber (Daniel 1.12).
Bem pense comigo ele deixou todas aqueles pratos fartos de gorduras e muitas calorias. Mas ele se propôs a se alimentar com alimentos ricos de vitaminas e sais minerais.
Não estou afirmando que não devemos comer as comidas que o Rei comeu, mas você quantas vezes ao dia  tem substituído estes produtos industrializados por alimentos saudáveis que Daniel comeu (legumes, verduras ou frutas) e quantos litros de água tem ingerido ao dia?
Existe uma pirâmide dos alimentos que indica quantas vezes ao dia devemos  ingerir  cada alimento, (Site) e afirma que devemos durante o dia comer no mínimo entre 3 a 5 porções de verduras ou legumes e 3 porções de frutas. Qual tem sido teu mínimo?
Se cada individuo se alimentar de mais produtos naturais, menos ri scos de doenças crônicas degenerativas( Pressão Alta, Diabetes, Colesterol, Câncer, etc) ele pode  vir ter. E quanto mais ingerirmos água ou suco natural temos menos risco de termos intestino preso ou até algo pior como um câncer de intestino.
Então vamos tentar a cada dia trocar nossos biscoitos recheados ou qualquer outro produto industrializados pelos naturais, mesmo porque Deus viu que era Bom... [:)]

Pense nisso: Deus criou todas as coisas e viu que era bom1 (Gêneses 1.31)

Elaine Bastos


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Eu quero fritura, Jamie Oliver!

Em seu novo reality show, o chef best-seller tenta catequizar as crianças, as escolas e os pais da cidade mais obesa dos Estados Unidos. Está difícil.

Food revolution, a revolução da comida. Numa campanha com esse título pretensioso, o jovem chef de cozinha britânico Jamie Oliver desembarcou nos Estados Unidos com a missão de combater um inimigo poderoso: o padrão alimentar rico em gordura e açúcar, responsável pela epidemia de obesidade no país. O campo de batalha escolhido foram escolas de ensino fundamental e médio de Huntington, no Estado de Virgínia Ocidental – a cidade mais obesa do Estado mais obeso do país mais obeso do mundo. Ali, Jamie produziu um reality show de seis episódios, baseado em sua tentativa de mudar a mentalidade de uma cidade inteira às voltas com a dificuldade de emagrecer.

Diante da arma mais poderosa de Jamie, a câmera, o inimigo foi apresentado ao espectador: um sistema de alimentação escolar que serve às crianças quantidades extraordinárias de comida processada, incluindo pizza com queijo pela manhã e uma bebida láctea com teor de açúcar mais alto que dos refrigerantes. Jamie, o herói, finalmente tinha chegado para salvar as criancinhas do perigo. Munido de facas e garfos, instrumentos com que as crianças de até 10 anos não tinham nenhum contato nas refeições escolares, o chef revolucionário parecia preparado para enfrentar todo tipo de resistência. Para vencer sua guerra, bastaria ensinar as merendeiras a cozinhar do zero, a partir de ingredientes frescos no lugar dos processados. Logo todo mundo se convenceria de que sua gastronomia saudável é muito melhor do que aquela porcaria que eles costumavam servir. O que torna a série interessante é que a realidade não se conformou a essa visão heroica.

Logo no primeiro episódio de Food revolution, transmitido em 26 de março pelo canal ABC (no Brasil, o programa será exibido pelo GNT, a partir de agosto), Jamie descobre que seu inimigo é mais forte do que imaginava. As recomendações do Departamento de Agricultura americano, que rege o cardápio nas cozinhas escolares, o obrigam a incluir pão na bandeja todos os dias – mesmo se for servir arroz, que é outra fonte de carboidrato. Um radialista local usa a rádio para criticar a prepotência de Jamie, o forasteiro. As merendeiras resistem às mudanças propostas por causa do custo maior e da trabalheira que dá cozinhar do zero. Ao final do episódio, Jamie, entre lágrimas, chora sua decepção diante da câmera: “Eles não sabem o que eu fiz nos últimos dez anos. Não entendem que estou aqui porque me importo. Quando faço coisas que parecem certas, mágica acontece”.

Na Inglaterra, as crianças alimentadas com a comida de Jamie tiveram melhor desempenho escolar
Por “mágica”, Jamie se refere à mudança em cidades da Inglaterra onde ele sugeriu a mesma reforma nos cardápios escolares. Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Social da Universidade de Essex mostrou que os alunos de 11 anos alimentados com a comida de Jamie por pelo menos um ano tiveram melhor desempenho em ciências e inglês, e as faltas por problemas de saúde diminuíram em 15%. Lá, Jamie demonstrou que as refeições antes servidas às crianças tinham menos da metade da dose diária de ferro de uma dieta saudável – e o ferro ajuda a melhorar a concentração.

Tanto lá como nos Estados Unidos, o maior desafio de Jamie é agradar ao paladar infantil. A primeira refeição que Jamie fez para os alunos do jardim de infância de Huntington, sob o olhar descrente da merendeira-chefe, foi parar no lixo. As crianças, acostumadas ao sabor da comida processada, rejeitaram os vegetais frescos e os feijões preparados pelo chef famoso. Numa cena surpreendente do programa, Jamie reúne um grupo de oito pimpolhos na escola de cozinha que montou na cidade e faz com eles um experimento. Desmembra um frango na frente deles, afasta as partes nobres (peito, coxas, asas) e põe a carcaça num processador de alimentos. As crianças fazem cara de nojo enquanto assistem ao processo todo. À pasta cor-de-rosa Jamie acrescenta aditivos em pó e explica que eles servem para dar sabor e melhorar o aspecto do produto final, exatamente como faz a indústria. As crianças continuam enojadas. Jamie corta a mistura em pedaços redondos e põe para fritar. E então pergunta à turminha quem é que ainda comeria a gororoba com aspecto de nuggets. Todas levantam a mão.

Diferentemente de outros heróis, Jamie não tem exatamente o perfil de um revolucionário. Loirinho de olhos azuis, pele branca com sardas e maçãs do rosto rosadas, o britânico de 34 anos não saiu de sua casa na Inglaterra e largou mulher e três filhos para trás para correr perigo na América. Longe de parecer ameaçador, Jamie usa artifícios pacíficos para conseguir o que quer. Primeiro, mostra que tem talento. O chef já faz sucesso internacional há uma década ensinando ao mundo que cozinhar é rápido, prazeroso, fácil e saudável. Segundo, ele não vem sozinho. Além de uma equipe de produção competente, Jamie conta com o apoio de outros ativistas que já trilharam um caminho anterior na briga contra a hegemonia do fast-food e seus efeitos na saúde. E, por fim, Jamie é um fofo. Tanto ao falar com a câmera como quando conversa com gente de qualquer idade ou origem, ele é empático e cativante. Demonstra emoções o tempo todo, chora, admite insegurança. Parece até natural concordar com ele.

Passo a passo, sem perder a paciência nem se indispor com ninguém, Jamie vai ganhando seguidores até formar um exército de gordos e magros disposto a se unir contra a obesidade. Ganha o apoio do radialista rabugento, conquista o interesse de adolescentes problemáticos e até arrecada dinheiro para bancar a revolução nas cozinhas escolares de todo o Estado. Aparentemente, não resta um inimigo forte o bastante para derrotá-lo. A não ser, talvez, o setor de compras responsável pelo fornecimento da comida a todas as 26 escolas de Huntington, que já havia encomendado mais um carregamento de junk food para o próximo ano.

Revista Época, Sociedade, 3/5/2010

Venda de games violentos para menores será julgada pela Suprema Corte nos EUA

A proibição da venda de videogames violentos para menores de idade na California vai ser julgada pela Suprema Corte dos EUA. Em 2005, os legisladores do estado aprovaram uma lei nesse sentido. A Justiça derrubou a lei em 2009, argumentando com base em pesquisas científicas. Em questão está a relação entre violência nos games e seu efeito sobre as crianças e jovens. De um lado, pesquisadores afirmam que ver conteúdo violento na TV e jogar games com muito sangue, mortes, armas etc produz tendências agressivas nas crianças. Do outro lado estão os que afirmam que os resultados das pesquisas sobre o tema são contraditórios e não conseguem provar que os games violentos causam comportamento agressivo - crianças e adolescentes com essa tendência é que se interessariam pelo jogos do gênero.

Nos EUA, as crianças passam cerca de 13 horas por semana envolvidas com videogames. 75% dos adolescentes jogam games classificados como M (Mature), para quem tem 17 anos ou mais, que incluem violência intensa e sangue.

Blog Crianças&Mídia, 4/5/2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estudo aponta Noruega como o melhor país para ser mãe

A Noruega é o melhor país do mundo para ser mãe. A conclusão partiu de um índice anual publicado pela ONG Save the Children. Segundo informações do El País, o estudo utiliza indicadores de saúde, educação e condições econômicas para compor o ranking. O Afeganistão foi apontado como o pior país para dar à luz.
Enquanto uma mãe norueguesa tem uma boa chance de viver até os 83 anos e dificilmente verá seu filho morto antes do 5 anos, a mãe afegã tem expectativa de vida de 44 anos e provavelmente perderá um filho antes dos 5 anos por alguma enfermidade facilmente evitável.
Depois da Noruega, Austrália, Islândia, Suécia, Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Países Baixos, Bélgica e Alemanha encabeçam a lista deste ano. Entre os países desenvolvidos, chama a atenção o posto dos Estados Unidos, em 28º lugar. O risco de mortalidade materna (uma em cada 4,8 mil) e mortalidade dos filhos (oito em cada mil nascidos vivos) antes dos 5 anos está entre os mais altos dos países desenvolvidos.
A perspectiva é sombria para os países em desenvolvimento. Segundo o estudo, nos dez últimos colocados do ranking, uma em cada 23 mulheres morrerá por causas relacionadas à gravidez. Uma em cada seis crianças morrerá antes dos 5 anos e uma em cada três sofrerá desnutrição.
Redação Terra

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Palavras que machucam - Diga não ao Bullying

Este vídeo faz parte de uma campanha canadense anti-bullying.


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