quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pesquisa revela dados preocupantes sobre bullying em escolas brasileiras

A palavra bullying entrou no vocabulário dos brasileiros há poucos anos, mas a prática não é nova e é observada em todo o país. O bullying, palavra que quer dizer intimidação em inglês, caracteriza-se por agressões físicas ou verbais entre crianças e adolescentes. Muitas vezes o que pode parecer apenas uma brincadeira tem conseqüências por toda a vida.

A Plan, organização não-governamental de origem inglesa, realizou uma pesquisa para entender como o bullying acontece nas escolas brasileiras. A coleta de informações foi realizada em 2009, nas cinco regiões do país. O questionário foi respondido por 5.168 alunos, de 25 escolas, sendo vinte públicas municipais e cinco particulares.

De acordo com a pesquisa, o bullying é mais comum no Sudeste e no Centro-Oeste e a incidência maior está entre adolescentes de 11 a 15 anos, da sexta série do ensino fundamental. Segundo os estudantes, as vítimas são descritas como pessoas que apresentam diferenças em relação aos colegas, como traços físicos marcantes, necessidades especiais, roupas consideradas diferentes e até a posse de objetos que indicam status socioeconômico superior.

O Projeto Criança e Consumo se preocupa com essa questão e observa uma ligação direta entre o fenômeno do bullying e outras formas de agressão com a questão do consumo. “Nós trabalhamos a violência ligada ao consumo inclusive dando suporte a outras instituições que combatem esse problema. Hoje, muitas crianças acham que precisam ter para ser, o que implica se sentir integrado ao grupo com base em símbolos de consumo, como as marcas”, diz Lais Fontenelle, Coordenadora de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo.

Dos meninos entrevistados, 12,5% dizem já ter sido vitimas de bullying. Já entre as meninas, 7,6% dizem ter sofrido agressões. 70% dos estudantes responderam ter presenciado agressões entre colegas. Quase 9% afirmam ter visto colegas serem maltratados várias vezes por semana, e outros 10% disseram ver essas agressões diariamente.

A pesquisa revela que, muitas vezes, os maus tratos acontecem dentro de  sala de aula e no pátio, onde há uma boa visibilidade e onde o controle da violência, por parte de professores e funcionários, deveria ser mais eficiente.

Com relação ao bullying virtual, ou ciberbullying, que são comportamentos agressivos via blogs, redes sociais e mensagens por celular, por exemplo, 16,8% disseram ser vítimas, 17,7% falaram que são praticantes e 3,5% são vítimas e praticantes. As vítimas disseram que, por conta dos maus tratos, perdem o entusiasmo, a concentração e têm medo de ir à escola.

O relatório da pesquisa descreve que os “dados permitem inferir que o maior impacto desse tipo de violência é justamente no processo de aprendizagem e no desenvolvimento escolar das vítimas.” Além disso, o texto reforça que “há despreparo da maioria das escolas pesquisadas para reduzir ou eliminar a ocorrência de situações de violência escolar”. E conclui: “Isso se deve à escassez de recursos materiais e humanos, bem como à falta de capacitação dos professores e das equipes técnicas”.

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