segunda-feira, 5 de julho de 2010

Famílias gastam mais do que ganham

40 milhões delas, 68,4% do total, chegam ao fim do mês sem fechar as contas; em 2003, era pior -85,3%

Deficit no orçamento acontece entre famílias com renda até R$ 2.490; 9,2% reclamam de dieta insuficiente no estudo

Quase 40 milhões de famílias brasileiras -68,4% do total- chegam ao final do mês sem fechar suas contas. Suas despesas mensais superam seus rendimentos, segundo a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2008-2009.

Mas tal realidade estava presente em um universo ainda maior de famílias em 2002-2003: 85,3% do total.
Quando questionadas sobre sua percepção com relação ao orçamento familiar, 75,2% relataram ter dificuldade para chegar ao fim do mês com o seu orçamento.

O deficit no orçamento, segundo o IBGE, ocorre nas famílias com rendimento até R$ 2.490. Nas faixas de renda acima desse valor, há sobra no orçamento, destinada ao aumento da poupança e ao investimento em imóveis, por exemplo.

"Essas famílias certamente têm de recorrer ao endividamento para consumir e fazer frente a outras despesas. É uma tendência mundial nos domicílios de menor renda", afirma Sônia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).

EQUILÍBRIO

Para Marcia Quintslr, coordenadora do IBGE, os dados da POF mostram que "mais famílias estavam numa situação de equilíbrio orçamentário" em 2009 do que na pesquisa anterior, encerrada em 2003.

É que nesse intervalo, diz, cresceu o emprego e o rendimento, o que permitiu a um número maior de famílias equilibrar as suas contas.

Os dados da POF mostram que as despesas totais das famílias (com consumo, impostos, encargos e outras) cresceram menos no intervalo entre 2002-2003 e 2008-2009 (5,98%) do que o rendimento (11%) total oriundo do trabalho, de aposentadorias e outras fontes. Isso possibilitou folga de caixa para mais famílias.

Segundo o economista Marcelo Neri, da FGV, o rendimento total cresceu mais ainda se for levado em conta que o tamanho médio das famílias brasileiras caiu nesse intervalo de tempo: de 3,6 para 3,3 pessoas.

Desse modo, a renda familiar per capita, calcula, subiu 22% em termos reais e possibilitou a melhora na situação financeira de alguns domicílios.

INSUFICIENTE

Ao responder sobre sua percepção da quantidade de alimentos consumida, 35,5% das famílias avaliam que ela era, em algum nível, insuficiente.

Para 9,2% das famílias brasileiras, a quantidade de alimentos consumida era "normalmente insuficiente" em 2008-2009.


Folha de S. Paulo

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